Entre o amor e a culpa

Thais ID
3 min readJun 21, 2022

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Devo confessar que sou péssima para escrever sentimentos no momento em que eles acontecem, principalmente os mais complexos, como esse que senti depois de Yet to come e do Jantar do Festa.

A análise do MV fica para depois, apesar de muitas já terem sido feitas. Tenho pensamentos sobre a fotografia que gostaria de compartilhar, mas antes, eu preciso expor o que me corrói há uma semana: culpa.

Assistindo ao Festa percebi que o BTS estava muito incomodado com o rumo que eles tomaram nos últimos dois anos e que eram para ter parado antes da explosão de Dynamite, logo a música que me fez conhecê-los.

Eles estavam exaustos, precisando de descanso e eu, depois de um período de depressão, experimentava a alegria pela primeira vez. Foram meses até que eles revelassem as condições em que eles estavam e até o descontentamento com o desempenho de Life Goes On (que é uma das minhas favoritas).

Ao mesmo tempo que pensei que não era possível prever que eles não estavam felizes, um sentimento de culpa tomou parte de mim: “Será que eu mereço ser fã dessas pessoas por ter conhecido somente nessa época?”. Eu estava com o coração tão fechado que eu tenho certeza que não gostaria de nada, afinal eu não era capaz de gostar do que via no espelho.

O fato é que não dá pra mudar o que aconteceu e que o que aconteceu mudou minha vida para melhor, mas eu queria muito que eles não tivessem passado por isso. Os vários multiversos se abriram dentro da minha cabeça: o que teria acontecido se eles estivessem voltando agora? E meus amigos que fiz por causa do ARMY? Minha mãe teria conseguido superar o divórcio sem as músicas deles?

Quem eu seria se não tivesse ligado a TV naquele dia 1 de setembro de 2020? O fato de algo que me apresentou uma das fases mais bonitas da minha vida ter causado tanta coisa às pessoas que amo me corrói por dentro e eu ainda não consigo tirar isso da cabeça.

Seria eu menos fã? Mereço ser chamada de ARMY? O que fiz esse tempo valida o que sinto? Eu sei que essa pausa das atividades em grupo não me farão desistir deles, mas eu preciso me livrar desse sentimento.

Acredito que é questão de tempo até que tudo se acalme, mas até lá preciso viver e não desistir do que me faz feliz.

“Hoje, também, vivo moderadamente
Mantenho o ritmo, usando os meus pés apenas o suficiente
O sol me tira o fôlego
O mundo me tirou tudo o que eu tinha
Sem escolhas, não tenho nem uma alternativa
Sob a lua, recolho o meu eu estilhaçado
Eu lhe chamo de filho da noite
Nós somos filhos da lua
Respiramos o ar frio do amanhecer
Sim, nós estamos vivendo e morrendo
Ao mesmo tempo
Mas, agora, você pode abrir os seus olhos
Porque como em qualquer diálogo, de qualquer filme
O mundo todo é azul sob a luz da lua”
- 4 O’clock

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Thais ID

33 anos, vivendo intensamente todos os dias, trabalhando com o que amo, caminhando e cantando e seguindo a canção